sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Entrevista com Paulão, Sr. Mangueira e Sr. Germano

Aqueles que viveram o samba intensamente ao longo das últimas décadas puderam presenciar transormações indeléveis em vários aspectos relacionados ao "ritmo quente". No carnaval, desapareceram os balizas. No samba da cidade, aquele ainda com as marcas do campo, sumiu a roda de tiririca, bem como praticamente todas as heranças rurais. No rádio, extinguiu-se a musica de qualidade, o chamado samba autêntico. Quem viveu, viu. Paulo Sérgio Joaquim, o Seu Paulão, José Germano, o Seu Germano, e Vanderlei Silva, Seu Mangueira, viram.


Três nomes da Baixada Santista. Conheceram-se, como não podia deixar de ser, na boemia, nas rodas de samba, na madrugada. Hoje, ainda respiram samba, compõem, convivem com a nova geração, participam ativamente da cena contemporânea. Como o samba, estão aí. Afinal, tudo passa e o samba fica. Passa a bossa nova, passa a jovem guarda, passa a lambada, passa o sertanejo, passa o pagode e o samba fica. Altaneiro, sempre.


Paulão é um sambista que vive com os jovens, com aqueles que estão fazendo acontecer. Abriga os sambistas em sua casa e com eles compartilha, ensina e também aprende. Gostava de samba desde pequeno, assim que pôde virar sambista, virou. É referência, um verdadeiro padrinho para os novos. Compositor de mão cheia. Partideiro.


Seu Mangueira sabe tudo sobre a Verde e Rosa, conhece e admira a história e os sambas da Estação Primeira. Mas também ama as outras Escolas. Ama o samba, sobretudo, desde quando era garoto, em Minas Gerais, quando já cativava os ouvidos com as sanfonas de seus tios. Aprendeu samba na várzea, como se fazia muito nos tempos idos da Pauliceia.


Seu Germano, pai do sambista Douglas Germano, nome de destaque da nova geração do samba paulista, é do tempo da tiririca. Tocou com bambas, desfilou ainda no tempo dos balizas, no Anhangabaú, é compositor de mão cheia. Caneta boa que tem, arriscou-se até no teatro, tendo escrito um musical que foi encenado no Teatro Raul Cortez, em Santos. Sambista reconhecido em quatro costados, tendo, inclusive, chegado a morar com Jamelão.


Baluartes. 

(Por André Carvalho)

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